Bolsonaro preso, o Brasil precisa de equilíbrio.
Sem equilíbrio institucional, o próximo colapso econômico deixa de ser hipótese e vira cronômetro
PhD Bertoncello
11/24/20253 min ler


O primeiro passo aqui é deixar claro o meu ponto de vista como cidadão. Não considero que a prisão seja justa. Entendo que, se a vida política de Bolsonaro terminar em uma prisão e se, nas eleições do ano que vem, ele for proibido de participar, seja como candidato ou até mesmo como “cabo eleitoral”, não estaremos diante de uma democracia plena. No entanto, o objetivo deste artigo não é discutir apenas o mérito jurídico dessas questões, mas estabelecer paralelos econômicos com o período da prisão de Lula e compreender quais impactos podemos enfrentar nos próximos meses. Fique até o final: vamos analisar qual equilíbrio o país precisa buscar.
A primeira comparação é a seguinte: a Operação Lava Jato começou em 2014 e, somente depois de dois anos, foi estabelecida a ligação entre o dinheiro desviado e Lula. Em 2016 ele foi denunciado, condenado em primeira instância em 2017, condenado em segunda instância em 2018 e preso em abril do mesmo ano. Já Bolsonaro foi denunciado em 26 de março de 2025, teve prisão domiciliar decretada em 4 de agosto, foi condenado em 11 de setembro e teve sua prisão decretada em 22 de novembro de 2025. Mesmo para um leigo, fica evidente que, comparando os dois casos, não houve equilíbrio no tratamento processual.
Além do problema não republicano evidente, o que mais preocupa são os seus desdobramentos socioeconômicos. Entre 2014 e 2018 enfrentamos inúmeros problemas, sendo a insegurança jurídica o mais evidente: naquela época, ela funcionava como um terremoto concentrado na Lava Jato, derrubando empresas inteiras e paralisando cadeias produtivas. Em 2025, porém, o cenário é outro, a insegurança jurídica se transformou em um pântano crônico, marcado por decisões tributárias imprevisíveis e prisões políticas seletivas. O resultado é o mesmo: investimento travado, fuga de capital e a sensação crescente de que, no Brasil, o maior risco não é econômico, mas acordar amanhã e descobrir que, mais uma vez, a regra do jogo mudou.
Vamos relembrar o desastre econômico do período: o desemprego saltou de 6,6% para cerca de 12%, o PIB acumulado nesses pouco mais de quatro anos foi negativo em –3,2%, a inflação somada no período alcançou 30,07%, e o dólar saiu de R$ 2,30 para R$ 4,24, recuando para aproximadamente R$ 3,90 no final de 2018. Em resumo, o desemprego aumentou 82%, o PIB per capita em dólares caiu de US$ 12 mil em 2014 para cerca de US$ 9.900 em 2018, uma queda de 18%,enquanto o dólar acumulou valorização próxima de 70%. Todos esses indicadores convergem para a mesma conclusão: houve forte fuga de capitais, pois investidores simplesmente desistiram de aportar recursos em um país marcado por insegurança jurídica e graves problemas institucionais.
No Brasil de 2025, além dos problemas jurídicos, o endividamento público atingiu níveis recordes e devemos terminar o ano acima de 80% do PIB, segundo o FMI. O investimento da iniciativa privada caiu de 17% para 14% do PIB, conforme dados da Coface, quando, para garantir um futuro sustentável, deveríamos estar investindo entre 20% e 25% do PIB, segundo o Banco Mundial. O que evitou uma deterioração ainda maior das contas externas foram os investimentos estrangeiros diretos, cerca de US$ 75 bilhões em 2024, dos quais aproximadamente 46% vieram dos Estados Unidos, de acordo com o Banco Central.
Em resumo, sem o equilíbrio jurídico e o fim da perseguição contra Bolsonaro, os brasileiros correm o risco de reviver a crise do segundo mandato de Dilma. Naturalmente, a relação de causa e efeito é distinta: no caso Dilma, o desequilíbrio econômico gerou enfraquecimento político e, a partir disso, o desarranjo social; hoje, é a própria insegurança jurídica que pode conduzir o país a um novo desastre econômico. A diferença é que, desta vez, o gatilho pode vir de fora, especialmente dos Estados Unidos, e encontrar o Brasil fragilizado, com instituições instáveis e vulnerável a choques externos.
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