Bolsonaro será eleito ou não?

O que derrubou a B3 não foi Flávio Bolsonaro. Foi o medo do que vem depois de 2026, para você, para sua renda e para o país

PhD Bertoncello

12/8/20252 min ler

Vamos entender o que aconteceu na sexta-feira: eram 13h, a B3 estava em 165.023 pontos e o dólar a R$ 5,31 quando Flávio Bolsonaro publicou no X que “Assumo a missão de dar continuidade ao projeto”, confirmando que o ex-presidente Jair Bolsonaro havia indicado o nome do filho para ser candidato à Presidência da República em 2026. Quinze minutos depois, a bolsa caía -1,76% e o dólar subia 1,4%. No final do dia, a bolsa terminou em 158.000 pontos, com uma queda de -4,31%, e o dólar fechou a R$ 5,45, com um aumento de 2,31%.

Três motivos podem ter levado a este movimento que vamos avaliar aqui: o primeiro é que podem ter pensado que Lula seria reeleito; o segundo, que o Centrão perderia protagonismo em 2026; e, por fim, que Flávio poderia ser eleito. Vamos descrever esses três pontos para compreender como cada um deles pode afetar sua vida a partir de 2027.

O governo Lula III está deixando uma bomba-relógio para 2027, e aparentemente ele não considera isso um problema. Vamos descrever essa bomba: uma deterioração fiscal estrutural, em que os gastos públicos crescem acima do PIB; um governo que não faz reformas estruturantes, como a reforma administrativa ou privatizações; um ambiente hostil aos investimentos privados; e a ampliação do dirigismo econômico, condenando o Brasil a uma baixa produtividade estrutural e sem agenda de inovação. Com esse cenário, é compreensível que a “Faria Lima” esteja preocupada, e por esse motivo a bolsa cairia, enquanto a classe média brasileira teria a certeza de que empobrecerá ainda mais depois de 2026.

O Centrão, que não tem votos, perderia o protagonismo com a escolha do Bolsonaro pai. Afinal, políticos “experientes” já davam como certa a indicação de Tarcísio. Caso isso acontecesse, teríamos uma política de clientelismo: o Estado ajudaria empresas próximas, a ampliação do patrimonialismo e a captura do Estado seriam certas. Cada região buscaria aquilo que lhe parecesse melhor,talvez, no Norte e Nordeste, mais clientelismo; na região Sul e Sudeste, obras com orçamentos duvidosos; e, no Centro-Oeste (agro), controle cambial. E a sua vida ficaria igual.

Se Flávio for eleito, existem dois problemas prováveis. Primeiro, teríamos uma diminuição dura do Estado, o que afetaria empresas acostumadas com a esquerda e com o Centrão, que normalmente ajudam empresas amigas. O segundo e maior medo é que, sendo mais novo, ele viesse em uma versão 2.0, uma mistura de Bukele com Trump: um populista correndo atrás de bandidos e colocando todos na cadeia, inclusive aqueles que acobertaram fundos de facções criminosas, leia-se “Faria Limers”. Ou, conhecendo Brasília e o que aconteceu com o pai, ele poderia ser uma versão Trump: vingativa, dirigida e rápida. Nesse caso, entraríamos em uma recessão econômica grave por pelo menos um ano.

No domingo, Flávio falou em negociar. Veremos as cenas dos próximos capítulos, mas uma coisa ficou clara: o sistema não se importa com Lula, Bolsonaro ou você; ele apenas ganha dinheiro com o Estado de esquerda, maior e gastando indiscriminadamente, ou com a direita permitida, reduzindo os gastos e deixando vácuos programados e fatiados entre os amigos. O problema é se Bolsonaro for eleito, os donos do dinheiro não gostam dessa hipótese, seja ele Bolsonaro pai ou filho, assim podemos esperar muita pressão e volatilidade no mercado nos próximos dias.