O que fazer com a educação no Brasil?

Gastamos mais, aprendemos menos e produzimos pouco. O modelo educacional brasileiro, ainda preso a teorias ideológicas, destrói nossa base cognitiva e limita nosso crescimento. A cada ponto perdido no Saeb, perdemos anos de produtividade e bilhões em PIB. Está na hora de jogar fora o modelo Paulo Freire e voltar a ensinar o básico — ler, escrever e calcular.

11/3/20254 min ler

Vamos ao conceito. O que é aprendizagem? Esse conceito refere-se à aquisição, processamento e retenção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores por meio de interações com o ambiente.

Vários autores devem ser lembrados aqui. Para Piaget (1970), aprender significa reorganizar estruturas cognitivas a partir da assimilação e acomodação de novas informações, em um processo ativo de construção mental. Skinner (1950) enfatiza que o ensino deve organizar o ambiente para maximizar os reforços, priorizando a memorização e o treinamento de habilidades específicas, sem foco em processos mentais internos. Outro ponto de vista é o de Vygotsky (1978), que afirmava que a aprendizagem precede o desenvolvimento, ocorrendo por meio da mediação linguística e das ferramentas culturais, enfatizando a colaboração e a transição da regulação externa para a autônoma.

Por fim, deixo claro meu ponto de vista: Paulo Freire (1987) deve ser excluído das escolas brasileiras, pois não acrescenta em nada no conceito de aprendizagem, introduzir o caráter libertador e crítico da educação, é um atraso.

Essa última afirmação se confirma pelos números. O resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2023 foi divulgado, e a grande verdade é que os resultados apresentados foram péssimos. Segundo o próprio Inep, o Saeb mede o aprendizado em Matemática (MT) e Língua Portuguesa (LP) em três momentos da trajetória escolar: no 5º e 9º anos do ensino fundamental e no 3º ano do ensino médio. A cada etapa, observa-se um declínio preocupante: as crianças e adolescentes sabem cada vez menos matemática e português. A tabela abaixo descreve a distribuição dos estudantes por nível de proficiência — níveis 1 a 4, correspondentes a analfabetos funcionais; níveis 5 e 6, de compreensão básica; e nível acima de 6, indicativo de domínio do conteúdo.

O que isso exatamente significa para o nosso país?

Basicamente, que estamos formando pessoas com menor capacidade cognitiva, o que tem como consequência baixo crescimento econômico e piora na qualidade de vida. Segundo Hanushek e Woessmann (2015), a partir de dados de 50 países ao longo de cinco décadas, o desempenho educacional apresenta correlação direta e significativa com o crescimento do PIB per capita.

Os autores estimam que a cada aumento de um desvio-padrão nas notas de aprendizagem há um acréscimo de cerca de 2% no crescimento médio anual do PIB per capita. Um país que alcance níveis médios de desempenho educacional semelhantes à média da OCDE pode elevar sua taxa de crescimento de longo prazo em 1,4% a 2% ao ano. Infelizmente, no caso brasileiro, o movimento foi no sentido oposto, registramos um desvio-padrão negativo, o que significa queda na aprendizagem e retrocesso na produtividade futura.

Com isso, nos próximos anos, podemos ter uma limitação de crescimento de até 2% ao ano, causada pela ausência de conhecimento e baixa proficiência cognitiva. Traduzindo os dados das tabelas anteriores: apenas 5% dos alunos do ensino médio no Brasil sabem realizar as quatro operações básicas da matemática. Seria a solução investir mais em educação? Em termos absolutos, o Brasil já tem aumentado seus investimentos. Em 2005, o país destinou R$ 25,2 bilhões, aproximadamente 1% do PIB. Vinte anos depois, em 2025, o orçamento previsto para a educação é de R$ 226 bilhões, o que corresponde a 5,1% do PIB.

Apesar disso, os resultados não acompanham o aumento dos gastos. Os países da OCDE, que investem em média 4,7% do PIB, alcançam 478 pontos nas avaliações internacionais, enquanto o Brasil obteve apenas 379 pontos. Em outras palavras: gastamos mais e ensinamos menos.

Como consequência, nos últimos 20 anos, tornamo-nos proporcionalmente mais pobres, menos competitivos e presos a um círculo vicioso: trabalhadores com pouca qualificação tendem a ocupar funções de baixo valor agregado, o que limita os salários e restringe a capacidade de poupança e investimento. A baixa produtividade empresarial reduz a competitividade externa e o potencial de exportação de bens com maior conteúdo tecnológico. Assim, o país permanece aprisionado em um modelo econômico primário e dependente, caracterizado por crescimento volátil e limitado.

Por isso, logo no início do texto, defendo que o Brasil precisa abandonar o modelo pedagógico de Paulo Freire e retomar o ensino dos conceitos básicos, se realmente quiser romper com a armadilha da renda média. A educação brasileira precisa voltar a formar indivíduos capazes de ler, escrever e calcular com eficiência, pois sem essas competências fundamentais não há produtividade, inovação ou crescimento sustentável. Enquanto insistirmos em um modelo ideológico e abstrato de educação, continuaremos presos a uma estrutura econômica limitada, incapaz de gerar prosperidade real e competitividade internacional.