Qual o principal problema econômico da Vaza Toga 3?

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Ph.D Bertoncello

9/1/20254 min ler

Primeiro, é preciso compreender o que foi a Vaza Toga 3. Revelada pela Revista Oeste em reportagem investigativa coassinada pela jornalista Rachel Díaz, expôs um grave escândalo envolvendo um “gabinete paralelo” orquestrado pelo ministro Alexandre de Moraes, no STF e no TSE, que funcionava como estrutura clandestina de censura e perseguição política. Esse aparato, formado por assessores, juízes auxiliares e técnicos, violava princípios fundamentais do Estado de Direito ao usurpar funções investigatórias e judiciais, acumulando papéis de acusador, investigador e julgador em desrespeito ao sistema acusatório previsto na Constituição (artigos 5º, LV, e 129). Díaz destacou que o grupo produzia relatórios encomendados para justificar ações arbitrárias, como a desmonetização de veículos de imprensa independentes, incluindo a própria Oeste, e o bloqueio de plataformas como o Gettr, configurando censura prévia proibida pelo artigo 220 da CF e abuso de autoridade (Lei 13.869/2019). Juristas como André Marsiglia ressaltam a ilegalidade do compartilhamento de informações entre STF e TSE, ferindo a separação de poderes e o devido processo legal, enquanto o foco em suprimir vozes opositoras revela desvio de finalidade que ameaça a democracia.

Além disso, as revelações expõem a emissão de “certidões positivas e negativas” como instrumento de “eugenia ideológica”, em que postagens em redes sociais, memes ou críticas ao STF e ao PT serviam de base para prisões preventivas sem respaldo no artigo 312 do Código de Processo Penal. Isso viola cláusulas pétreas como a liberdade de expressão (artigo 5º, IX) e a ampla defesa. Rachel Díaz, em defesa do jornalismo independente, compara esse cenário a um “circo romano” onde o “imperador” decide o destino de cidadãos conforme o alinhamento ideológico, culminando em perseguições políticas como a de Jair Bolsonaro. A constitucionalista Vera Chemim classifica tais práticas como crimes de responsabilidade (Lei 1.079/1950), agravados pela ausência de contraditório e pela manipulação de dados para sustentar decisões retaliatórias. O resultado é um estado de exceção e insegurança jurídica generalizada, com reflexos no Congresso e pressões para instaurar uma CPI.

Ok, já compreendemos que tudo está fora das normas e agora é preciso avaliar os impactos econômicos dessa aberração. Quando um país enfrenta insegurança jurídica, empresas e investidores percebem que as regras podem mudar a qualquer momento. Isso significa contratos desrespeitados, decisões judiciais imprevisíveis e instabilidade regulatória constante. Imagine uma multinacional decidindo onde alocar recursos: se o ambiente legal é instável, como mostram casos recentes de censura a plataformas digitais e bloqueio de contas, os investidores exigem retornos maiores para compensar possíveis perdas, encarecendo empréstimos e financiamentos. O risco de investir aumenta, e os financiadores elevam juros e impõem condições mais duras para liberar crédito, ampliando o custo de capital. Na prática, isso leva empresários a reduzir projetos, adiar investimentos ou simplesmente desistir de empreender. Não por acaso, o Brasil registrou saída líquida de US$ 45 bilhões em investimentos, agravada pela insegurança jurídica, com queda na entrada de recursos externos e maior pressão sobre o câmbio.

Com a redução do IED e o encarecimento do capital, as empresas passam a enfrentar restrições financeiras que afetam diretamente sua capacidade de inovar e elevar a produtividade. Uma startup brasileira, por exemplo, que dependa de investimentos estrangeiros para pesquisa e desenvolvimento (R&D), pode cortar gastos em tecnologia ou treinamento, optando por operações conservadoras para mitigar riscos jurídicos imprevisíveis. Essa dinâmica gera um ciclo vicioso: sem capital novo, há menor adoção de tecnologias avançadas, resultando em processos obsoletos e menor eficiência econômica. Estudos apontam que a insegurança jurídica no Brasil inibe investimentos produtivos, levando à estagnação da inovação e da produtividade, o que compromete o crescimento sustentável e a criação de empregos qualificados.

Essa dinâmica cria um ciclo vicioso: menos investimento → menor inovação →queda na competitividade internacional. O Brasil perde espaço nas cadeias globais de valor, passa a exportar produtos de baixo valor agregado e torna-se cada vez mais dependente de commodities. Enquanto países estáveis atraem empresas de ponta e avançam em tecnologia e serviços, o Brasil corre o risco de ficar pobre e isolado, incapaz de competir em setores estratégicos. Para empresários e gestores, o recado é claro: a insegurança jurídica não é detalhe político, mas um fator decisivo que compromete a geração de riqueza, empregos de qualidade e crescimento sustentável.

Diante da insegurança jurídica galopante revelada pela Vaza Toga 3, é imperativo que todas as empresas honestas, aquelas não envolvidas com narcotráfico ou conluios corruptos com o governo, despertem para a realidade: se não pressionarem já por reformas que restaurem o Estado de Direito, o caos se tornará regra, devorando o tecido econômico que as sustenta. Imagine seu mercado consumidor encolhendo, famílias empobrecidas incapazes de comprar produtos ou serviços, enquanto o custo de capital dispara e o IED migra para países mais estáveis. Isso não é ficção, mas o medo concreto de um Brasil isolado e estagnado, onde até empresas neutras ideologicamente afundam no pântano da informalidade e da baixa produtividade.

O tempo para agir é curto. Cada dia de silêncio empresarial diante dessa escalada de arbitrariedades é um passo mais próximo de um Brasil isolado, irrelevante e pobre. É preciso entender que o medo de se posicionar hoje pode custar a sobrevivência amanhã. Se as empresas não exigirem já um ambiente jurídico estável e confiável, em breve não haverá espaço para competir de forma saudável, e o mercado será dominado apenas por quem prospera na ilegalidade e na corrupção. A escolha é clara: ou se luta agora pela segurança jurídica, ou se assiste passivamente à lenta falência do país e à ruína do futuro.

A hora é agora: terça-feira, 2 de setembro. Procrastinar significa condenar o Brasil a um ciclo vicioso de miséria, onde só os esquemas ilícitos prosperam. É preciso agir com agressividade antes que o ponto de não retorno nos isole definitivamente do mundo próspero.