Vamos perder a oportunidade novamente?
O futuro do Brasil está sendo comprometido por escolhas imediatistas e falta de visão estratégica. Entenda como produtividade, demografia e educação moldarão nosso destino econômico.
PhD Bertoncello
4/28/20256 min ler


A busca pela criação de riqueza sempre moldou as dinâmicas econômicas, sociais e políticas da humanidade. No cenário global, o crescimento econômico, mensurado pelo Produto Interno Bruto (PIB), é associado à geração de bem-estar, redução de desigualdades e financiamento de avanços em infraestrutura, saúde e educação. Esse processo, contudo, depende de fatores como demografia, produtividade e nível educacional, que determinam a qualidade e a sustentabilidade do crescimento. Em um mundo de rápidas transformações,como o envelhecimento populacional em economias desenvolvidas e a urbanização em países emergentes, compreender essas inter-relações torna-se essencial para a formulação de estratégias de desenvolvimento (WORLD BANK, 2023).
As 20 maiores economias do mundo,entre elas Estados Unidos, China, Japão e Índia, concentram cerca de 80% do PIB global em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional (IMF, 2024). Esse grupo reúne nações com estruturas econômicas diversas, desde economias avançadas com alta produtividade até emergentes com grande potencial demográfico. A concentração de riqueza reflete não apenas o tamanho econômico, mas também a capacidade de mobilizar recursos humanos e tecnológicos. Entretanto, o desempenho varia amplamente, influenciado por políticas públicas, investimentos em capital humano e respostas a desafios globais, como a pandemia de COVID-19 (STATISTA, 2024).
Apesar do potencial de expansão, nem todos os países conseguem alinhar crescimento do PIB, produtividade, dinâmica demográfica e nível educacional de forma eficaz. O Brasil, por exemplo, destaca-se negativamente entre as 20 maiores economias, com crescimento real de apenas 8% entre 2015 e 2024, produtividade estagnada em torno de US$ 25.000 por trabalhador, população em transição demográfica e desempenho educacional abaixo da média global no PISA 2022. Esses fatores revelam desafios estruturais que limitam o desenvolvimento nacional (VISUAL CAPITALIST, 2025; OCDE, 2022). A seguir, analisaremos como esses elementos se manifestam nas principais economias, enfatizando as implicações de suas trajetórias históricas e atuais.
A realidade
O Produto Interno Bruto (PIB) é o principal indicador da atividade econômica de um país, representando o valor total dos bens e serviços finais produzidos em um período dentro de suas fronteiras. Pode ser calculado por três abordagens: produção (soma do valor adicionado em cada setor), renda (agregação de salários, lucros e rendas) e despesa (consumo, investimento, gastos governamentais e exportações líquidas). Ajustado pela inflação, o PIB oferece uma visão ampla do desempenho econômico, possibilitando comparações internacionais e análises históricas (MANKIW, 2021). É também o indicador central para medir o crescimento econômico e a capacidade de uma nação melhorar as condições de vida, conforme a fórmula: PIB = C (consumo das famílias) + I (investimentos privados) + G (gastos do governo) + X (exportações) – M (importações).
A produtividade, definida como a eficiência no uso de recursos (trabalho e capital) para gerar bens e serviços, é um dos principais motores do crescimento do PIB e da qualidade de vida. Economias de alta produtividade, como Estados Unidos e Suíça, produzem mais com menos, alcançando maior renda per capita e melhores serviços públicos. Esse desenvolvimento, no entanto, é fortemente impactado pela dinâmica demográfica, especialmente o envelhecimento populacional. Países como Japão e Alemanha enfrentam redução da força de trabalho e aumento dos custos com saúde e previdência, fatores que limitam o crescimento econômico (WORLD BANK, 2023). Em contraste, nações com populações jovens, como a Índia, podem aproveitar o "bônus demográfico" para impulsionar a produtividade, desde que invistam em capital humano (UNITED NATIONS, 2022).
O nível educacional exerce papel central na integração entre produtividade, demografia e crescimento econômico. Uma força de trabalho bem-educada, como na Coreia do Sul, eleva a produtividade por meio de maior inovação e eficiência. A educação também impacta a demografia ao reduzir as taxas de fecundidade e ampliar a participação feminina no mercado de trabalho, moldando a estrutura etária nacional. Já países com baixos indicadores educacionais, como o Brasil, enfrentam dificuldades em transformar seu potencial demográfico em crescimento sustentável, mantendo produtividade estagnada e desigualdades persistentes (OCDE, 2022). No caso brasileiro, observa-se a ausência tanto de fecundidade elevada quanto de educação de excelência, aprisionando o país em uma armadilha de baixo crescimento.
Na tabela podemos ver o tamanho do PIB o Crescimento em 10 anos, o nivel de envelhecimento, taxa de fecundidade e o nivel educacional.


Resumindo
Embora esteja entre as 20 maiores economias do mundo, o Brasil enfrenta desafios estruturais profundos em crescimento econômico, produtividade, demografia e educação, comprometendo sua trajetória de desenvolvimento. Com crescimento real de apenas 8% entre 2015 e 2024, o país exibe uma das taxas mais baixas entre seus pares, refletindo a dificuldade de explorar seu potencial econômico. A produtividade, estagnada em cerca de US$ 25.000 por trabalhador, é muito inferior à da Coreia do Sul (US$ 75.000) e dos Estados Unidos (US$ 130.000), evidenciando ineficiências sistêmicas e baixa adoção tecnológica (VISUAL CAPITALIST, 2025). No aspecto demográfico, com 10,9% da população acima de 65 anos em 2023, o Brasil desperdiça seu ainda presente "bônus demográfico" por falta de investimentos em capital humano (IBGE, 2022). No campo educacional, o desempenho no PISA 2023, com médias em torno de 410 pontos, permanece abaixo da média global (470), perpetuando desigualdades e limitando a inovação necessária para o crescimento sustentável (OCDE, 2022). Esses problemas interligados formam um ciclo vicioso que ameaça a competitividade global do país.
A persistência desses desafios indica que o Brasil corre o risco de permanecer preso em uma armadilha de baixo crescimento, com impactos duradouros sobre a sociedade. A baixa produtividade, agravada pela deficiência educacional, impede o país de acompanhar economias emergentes como Índia (77% de crescimento real do PIB) e Indonésia (51%), que investem em suas populações jovens. O envelhecimento populacional, embora menos acentuado que no Japão (29% de idosos), já pressiona os sistemas de saúde e previdência, e a falta de políticas para preparar a força de trabalho agrava o cenário (UNITED NATIONS, 2022). Sem reformas estruturais, como o aumento do investimento em educação básica e superior (atualmente apenas 4% do PIB, frente a 6% nos países da OCDE), o Brasil enfrentará maior desigualdade, desemprego estrutural e dependência de setores de baixa agregação de valor, como commodities (WORLD BANK, 2023). Essa trajetória compromete a qualidade de vida das futuras gerações e relega o país a um papel secundário no cenário global.
É profundamente decepcionante constatar que, em 2025, o governo brasileiro parece priorizar estratégias eleitorais para 2026 em detrimento de um projeto de longo prazo para o país. Medidas populistas de curto prazo, como programas assistencialistas sem contrapartidas educacionais ou produtivas, contrastam com a ausência de políticas consistentes para enfrentar desafios demográficos e educacionais. A falta de foco em reformas estruturais, como a modernização do sistema educacional e incentivos à inovação tecnológica, revela uma visão míope que compromete o futuro do Brasil (FOLHA DE S.PAULO, 2025). Para romper esse ciclo, é urgente adotar uma agenda reformista, com prioridade na educação, na produtividade e na preparação para o envelhecimento populacional. Sem isso, o país continuará a desapontar, não por falta de potencial, mas pela ausência de liderança capaz de transformar suas riquezas naturais e humanas em prosperidade duradoura.
Referências
FOLHA DE S.PAULO. Governo prioriza agenda eleitoral em detrimento de reformas estruturais. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2025. Disponível em: https://www.folha.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2025.
IBGE. Censo Demográfico 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2022. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22874-2022-censo-demografico-2022.html. Acesso em: 28 abr. 2025.
INTERNATIONAL MONETARY FUND. World Economic Outlook Database. Washington, DC: IMF, 2024. Disponível em: https://www.imf.org/en/Publications/WEO/weo-database/2024/October. Acesso em: 28 abr. 2025.
MANKIW, N. G. Princípios de economia. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2021.
OCDE. PISA 2022 Results. Paris: OCDE, 2022. Disponível em: https://www.oecd.org/pisa. Acesso em: 28 abr. 2025.
STATISTA. Countries with the largest gross domestic product (GDP) in 2024. Hamburg: Statista, 2024. Disponível em: https://www.statista.com/statistics/268173/countries-with-the-largest-gross-domestic-product-gdp/. Acesso em: 28 abr. 2025.
UNITED NATIONS. World Population Prospects 2022. New York: UN, 2022. Disponível em: https://population.un.org/wpp/. Acesso em: 28 abr. 2025.
VISUAL CAPITALIST. Ranked: The world’s top 20 economies by GDP growth (2015-2025). Vancouver: Visual Capitalist, 2025. Disponível em: https://www.visualcapitalist.com/ranked-the-worlds-top-20-economies-by-gdp-growth-2015-2025/. Acesso em: 28 abr. 2025.
WORLD BANK. World Development Indicators. Washington, DC: World Bank, 2023. Disponível em: https://data.worldbank.org. Acesso em: 28 abr. 2025.
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