Esqueceram para que serve o ouro?

Analiso a recente valorização do ouro e as projeções otimistas do Goldman Sachs, impulsionadas pela forte demanda dos bancos centrais, especialmente da China. Mostro como o ouro retoma seu papel como reserva de valor em meio a incertezas geopolíticas e financeiras, e defendo que ele pode ser uma estratégia eficaz tanto no curtíssimo quanto no médio prazo para proteção patrimonial em 2025.

PHD Bertoncello

3/28/20253 min ler

gold and silver round coins
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Esqueceram para que serve o ouro?

A recente revisão das projeções para o preço do ouro por parte do Goldman Sachs evidencia um novo momento no mercado internacional de commodities financeiras. A elevação da expectativa para o final de 2025, de US$ 3.100 para US$ 3.300 por onça troy, é sustentada por uma combinação de fatores estruturais e conjunturais. Entre eles, destacam-se o aumento inesperado dos fluxos de entrada em fundos negociados em bolsa (ETFs) e a continuidade da demanda robusta por parte dos bancos centrais, especialmente o da China. Tal movimento reforça a importância de compreendermos os vetores que sustentam esse ciclo e suas implicações para o comportamento dos agentes econômicos globais.

Movimentos importantes

O recente rompimento da barreira dos US$ 3.000 por onça em 14 de março decorreu de um reposicionamento especulativo impulsionado por notícias de um possível pacote tarifário contra a União Europeia e o destaque midiático dado ao "acordo de Mar-a-Lago". Esse reposicionamento levou o ouro ao 85º percentil de posicionamento especulativo, após a adição de cerca de 60 toneladas em contratos.

A projeção do Goldman Sachs considera uma normalização dessa posição especulativa, com compras mensais de 70 toneladas por parte dos bancos centrais, frente à estimativa anterior de 50 toneladas. A China, protagonista nesse cenário, continua sua estratégia de diversificação de reservas com aquisições regulares de ouro. Caso mantenha o ritmo de 40 toneladas mensais, levaria de três a seis anos para que a participação do metal nas reservas chinesas alcance entre 20% e 30%, patamar próximo aos padrões de mercados desenvolvidos.

Outros elementos de sustentação dos preços incluem a recente autorização para que seguradoras chinesas ampliem sua exposição ao ouro em cerca de 280 toneladas, o que cria um piso técnico para o preço do metal diante de eventuais recuos. Ainda assim, riscos de baixa existem: um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia poderia deflagrar uma venda especulativa de curto prazo. Também uma queda abrupta nos mercados acionários poderia levar à liquidação forçada de posições em ouro. Contudo, esses efeitos tenderiam a ser transitórios, dada a presença constante de incertezas que reatraem investidores especulativos.

Por fim, observa-se que o Goldman não está sozinho em seu otimismo: o Bank of America também elevou sua projeção para US$ 3.500 por onça nos próximos dois anos. Além disso, revisou suas estimativas médias de preço para US$ 3.063 em 2025 e US$ 3.350 em 2026.

Resposta para o investidor

O atual ciclo de valorização do ouro reflete tanto a instabilidade do sistema financeiro global quanto o reposicionamento estratégico dos bancos centrais frente a riscos geopolíticos e financeiros. Nesse contexto, o ouro retoma sua função histórica como reserva de valor. Para investidores e formuladores de políticas, compreender os fundamentos que sustentam essa tendência é essencial. Soluções prudentes incluem a diversificação das carteiras com ativos reais, o monitoramento constante das políticas monetárias e geopolíticas globais, e a promoção de instrumentos regulatórios que aumentem a transparência e a segurança nas operações com ouro.

Assim, cria-se um ambiente mais estável para a tomada de decisão econômica em tempos de incerteza, seja para o dia 2 de abril que podemos ter uma deflação de ativos, e com isso uma valorização do ouro, em outras palavras pode ser uma estratégia de curtíssimo prazo, seja para pensamentos de médio prazo, para proteção de patrimônio no médio prazo, traduzindo para este ano de 2025.