Por que a Inflação continua subindo?
Analiso os dados da inflação de março de 2025 e mostro como a alta generalizada de preços indica um possível descontrole inflacionário. Aponto os setores que mais pressionaram o índice e explico como isso reflete a perda de valor do real. Também destaco os sinais de alerta para uma recessão no segundo semestre, reforçando a importância de atenção aos movimentos macroeconômicos neste ano.
PHD Bertoncello
3/29/20253 min ler
Introdução
A análise da inflação é central para compreender os rumos da política econômica e seus impactos sobre o cotidiano da população. Em março de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador prévio da inflação oficial, registrou alta de 0,64%. Embora inferior à taxa de fevereiro (1,23%), o resultado mantém o acumulado dos últimos 12 meses em trajetória ascendente, com 5,26% de variação acima de 4,96%observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Diante desse cenário, torna-se fundamental analisar os principais vetores dessa inflação, as pressões setoriais envolvidas e suas implicações regionais e sociais.
Detalhes da inflação
O resultado de março preocupa afinal, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram variação positiva. O grupo Alimentação e bebidas lideraram com alta de 1,09%, contribuindo com 0,24 ponto percentual para o índice do mês. A ele se somou o grupo Transportes, com variação de 0,92% e impacto de 0,19 p.p. Juntos, esses dois grupos responderam por dois terços do IPCA-15 de março.
A inflação dos alimentos no domicílio foi impulsionada por itens como ovo de galinha (19,44%), tomate (12,57%), café moído (8,53%) e frutas (1,96%). Já a alimentação fora do domicílio também acelerou, atingindo 0,66%, puxada principalmente pela alta das refeições (0,62%).
Nos Transportes, os combustíveis tiveram papel central, com aumento de 1,88% no agregado. Destaque para o óleo diesel (2,77%), etanol (2,17%) e gasolina (1,83%). O gás veicular também registrou alta, embora modesta (0,08%). O subitem trem apresentou elevação de 1,90%, refletindo reajustes tarifários no Rio de Janeiro. O ônibus intermunicipal, influenciado por reajustes em Porto Alegre, subiu 0,46%.
Em Despesas pessoais (0,81%), o maior impacto veio dos serviços de lazer, como cinema, teatro e concertos, que registraram alta de 7,42% após o encerramento da semana promocional do cinema em fevereiro. Já no grupo Habitação, apesar da desaceleração frente ao mês anterior (0,37% contra 4,34%), a energia elétrica residencial subiu 0,43%, influenciada por reajustes regionais e alterações tributárias no PIS/COFINS.
Em termos regionais, todas as áreas pesquisadas registraram inflação em março. Curitiba liderou com alta de 1,12%, influenciada pelo aumento nos combustíveis. Na outra ponta, Fortaleza apresentou a menor variação (0,34%). A média nacional foi de 0,64%, com destaque para o acumulado de 1,99% no ano e 5,26% em 12 meses, evidenciando uma tendência ainda resistente à queda da inflação.
Fora de controle
Quando podemos afirmar que a inflação está fora de controle? Quando todos os atores econômicos começam a elevar seus preços para se proteger de aumentos futuros. Caso isso esteja acontecendo, estaríamos diante de uma espiral do medo, em que o objetivo de cada agente é apenas continuar em sua atividade econômica com algum lucro e, assim, seguir sobrevivendo.
Outro sintoma que pode indicar que a inflação está fora de controle é a ocorrência de aumentos generalizados. Como vimos recentemente, todos os nove grupos analisados apresentaram altas, o que levanta a hipótese de que o problema está no real — uma moeda enfraquecida e perdendo valor —, e não em um aumento simultâneo dos custos de produção de todos os bens e serviços no Brasil e no mundo. Imagine se o serviço de manicure, o pastel da feira, o fio de eletricidade, a produção de ovos, a construção civil, as escolas, as telecomunicações e o marceneiro tivessem se reunido para decidir, juntos, elevar seus preços ao mesmo tempo?
Assim, para conter a “doença” do real, o remédio é a alta dos juros, que, por meio da destruição da demanda, busca restaurar a estabilidade da moeda nacional — mas às custas da falência de muitas empresas, do endividamento e da inadimplência de inúmeras pessoas e, por fim, de uma recessão.
Como podemos saber se esse cenário vai se concretizar? Dois sinais claros ocorreram nesta semana: o relatório do Bradesco, que afirmou que teremos recessão no segundo semestre de 2025, e a indisponibilidade recorrente dos títulos do Tesouro Direto pré-fixado, que praticamente foram banidos do sistema. Isso ocorre pelo simples fato de que nenhum investidor se arrisca a prever, com segurança, nossa inflação para os próximos dois anos.
Prepare-se para os desafios de 2025 — ou sofra as consequências de ignorar os sinais macroeconômicos da nossa economia.
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